sábado, 10 de fevereiro de 2007

Deus a Arte e o Homem


Há sempre um lado de nós que habita muito longe. No coração de alguém, no espírito de uma árvore no quintal da nossa infância ou num mar longínquo onde nos banhamos num dia de sol. Há sempre algo de nós perdido como as peças de um “puzzle” que não nos atrevemos a montar. Quem somos? O que somos? Somos a forma como permanecemos nos outros e nas coisas. Somos a aurora revigorada em cada manhã! Quanto mais amarmos, mais nos amam e esta é a possibilidade única de uma vida infinita, eterna, porque permanece gravada na alma das coisas e dos outros.

O amor, para a humanidade, e para todo o conjunto dos Seres, é um pensamento e esse pensamento só existe se existir sangue a circular, seiva por entre as raízes, vida onde o pensamento se possa espelhar. Mas o pensamento está também para além da vida e do sangue, ele é o alimento do Universo transformado em amor, na sua expressão mais absoluta. Não há vida sem pensamento, pois é nele que se instala o amor. Não há vida sem amor. Redefiniremos então o conceito Vida. Todos os que parecem vivos podem não o estar, nós incluídos, pois se não houver amor não há vida e se não houver vida há a impossibilidade da morte. Somos então levados a aceitar que há seres que “pairam“ que se angustiam na impossibilidade da morte, na permanência constante da falta de amor e de um pensamento Absoluto. Há Homens que não morrem, a energia viva que deixam permanece e à falta de amor acrescenta-se o sangue que pode percorrer veias e que nem sempre é sinal de Vida.

Temos, têm os pensamentos vindouros de refundar os conceitos Vida/Morte que nas sociedades ocidentais aparecem impregnados de atributos teológicos redutores de uma Realidade observada e nomeada pela palavra humana. A Vida e a Morte serão a mesma coisa? – o Homem terá mais facilidade em perceber a Natureza se utilizar formas dicotómicas ? – Da união dos opostos nasce uma nova realidade. Será então a Vida um momento ímpar da eternidade do momento? Tal como a noite é um momento especial do dia...

Ao reflectirmos sobre o Amor, a Vida e a Morte estamos a reflectir sobre a Natureza e por isso sobre Deus, como Criador e Conservador do Universo. Reagir a esta verdade é conferir à ciência e às suas leis uma capacidade de abordar fenómenos como a subjectividade e a intuição, que esta não pratica.

O Amor, entidade comum a todo o Universo, não precisa nem pode ser comprovado com os métodos da ciência, mesmo que esta os tivesse. A sua existência é reconhecida através da alma, essência espiritual de Deus, impregnada em todos os seres criados.
O mundo invisível das coisa e dos seres confere-lhes a essência daquilo que são e as palavras que as designam guardam essa essência espiritual, das coisas e dos seres, que não se transmite através da linguagem mas sim na própria linguagem. O que quer dizer que a Língua ao denominar um ser ou uma coisa refere não só a sua essência física como também a sua essência espiritual – a sua alma – a imaterialidade é expressa com a materialidade do som. É como se o Criador e Conservador do Universo tivesse deixado a sua essência ligada à forma das coisas e dos seres para que, assim, a Língua posteriormente as pudesse nomear. Mas a Língua não nomeia unicamente seres e coisas, tem também a possibilidade de referir a essência espiritual mesmo quando esta não tem referente físico, é o caso de palavras como : Deus, Amor ,Pensamento etc. Mais interessante seria se pensássemos que uma das regras para que uma palavra seja morfologicamente considerada um verbo é o facto de ela aceitar a forma imperativa e a sua negação. A linguística moderna classifica os verbos morrer, nascer, pensar, amar, etc. Como verbos psicológicos. Onde vai buscar esta fronteira? Porque razão pensar é psicológico e alimentar não o é?

O que aqui propomos é uma reflexão que nos leve mais além, que nos proporcione distinguir de forma mais cabal estes dois tipos de palavras gramaticais – a umas chamaremos verbos e às outras palavras pró-verbais, pois como já vimos não têm o mesmo comportamento sintáctico dos verbos.

A psico-linguistica teria então que encontrar uma fronteira entre o que são verbos psicológicos e o que não são, ou melhor se existem verbos mais ou menos psicológicos.

Não nos parece que os linguistas que têm como objecto de estudo a Língua e a linguística como uma ciência se interessem por estas questões que vêm dar à Língua
uma nova dimensão e à morfologia emprestar uma nova classe de palavras – as palavras pró-verbais.

H. Levy

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